sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Loucos pela diversidade

SID/MinC entrevista a coordenadora do projeto 'Programa Igual Diferente' premiado no Edital

A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC) deu início a uma série de entrevistas com os participantes dos projetos contemplados com o Prêmio Loucos pela Diversidade, uma realização do Ministério da Cultura, por meio da SID/MinC e da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, por intermédio do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental, com apoio da Caixa Econômica Federal. O Prêmio contemplou 55 iniciativas que promovem, sem fins lucrativos, atividades culturais com pessoas em sofrimento psíquico. A cada semana uma entrevista será publicada na página da Secretaria. O objetivo é contribuir para traçar um panorama das iniciativas desse tipo existentes no país. A coordenadora do 'Programa Igual Diferente', Daina Leyton, foi a primeira entrevistada e falou sobre o projeto desenvolvido pelo Museu de Arte Moderna (MAM), de São Paulo.

SID: Em que consiste o Programa Igual Diferente?

Daina Leyton: 'O Programa Igual Diferente', desde de 2002, promove o estudo e a criação de arte por meio das modalidades artísticas, como pintura, escultura, apresentações, fotografia, entre outros, em vários cursos e oficinas de capacitação, sem fins lucrativos, que são oferecidos aqui, para a sociedade civil e para pessoas em sofrimento psíquico ou com algum tipo de deficiência. Ele consiste na tentativa de articular a sociedade civil com a saúde mental, na tentativa de quebrar as barreiras do preconceito e estimular talentos e projetos.”

SID: Para você, qual é o papel de iniciativas como o Prêmio Loucos Pela Diversidade na promoção de projetos como este?

Daina Leyton: “Iniciativas como estas são fundamentais para que a pessoa em sofrimento psíquico consiga realizar a sua reintegração social. Estimular projetos como esse, como faz o Prêmio, é um marco no processo da promoção e da construção de um outro olhar para a questão dos deficientes mentais, e mais do que isso, é também um importante passo na quebra de preconceitos e um incentivo não só para que outras instituições desenvolvam atitudes semelhantes, mas também para que os próprios freqüentadores do programa dêem continuidade para suas atividades.”

SID: É comum os freqüentadores do Programa darem continuidade às suas habilidades artísticas?

Daina Leyton: “Ah, sim, eles encaram as atividades desenvolvidas não como uma parte do tratamento de suas deficiências, mas sim como algo relacionado diretamente com as suas vidas, como a de qualquer outra pessoa não portadora de deficiência que também participa. Foi uma escolha deles, uma atividade independente das terapias e outros tratamentos que passam. Por exemplo, tivemos casos de pessoas que seguem carreira e continuam com suas atividades artísticas até hoje, como o caso do artista plástico José Ricardo Peres, que teve aqui seu contato com a arte e hoje possui seu próprio atelier. É só uma questão de superar os estigmas e acreditar na competência.”

SID: E como é estabelecido esse contato com a arte? O que acontece com o que é produzido aí?

Daina Leyton: “No programa a gente também promove cursos dentro das categorias artísticas com duração de um ano, gratuitos, para estimular e aprimorar as habilidades dos freqüentadores. A gente expõe o trabalho deles, promovendo uma interação dessas pessoas com a sociedade e com o mundo. Dessa forma, a gente devolve para a sociedade um pouco do que é construído aqui dentro, visando que essas pessoas cada vez mais encontrem e conquistem um espaço na vida pública, trabalhando em conjunto uma visão social tanto dos deficientes quanto da sociedade civil, na tentativa de construir um outro olhar para a questão, livre de preconceitos e estigmas, um olhar, de modo geral, único.”

SID: O que você sugere para pessoas que desenvolvem projetos semelhantes e que queiram se inscrever nos próximos editais do Prêmio Loucos Pela Diversidade?

Daina Leyton: “Sugiro que dêem instrumentos e estimulem as atividades. A parte da criatividade, definitivamente, é por conta deles. Só precisam de estímulo e instrumento para mostrar do que são capazes, e assim sempre impressionarão”.

Os interessados em mais informações sobre o programa podem entrar em contato com os responsáveis pelo projeto no email admam@mam.org.br ou pelo telefone (11)5085-1370.

Fotos: Acervo do Programa Igual Diferente

Comunicação SID/MinC

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