sábado, 7 de novembro de 2009

Rastreador de Plágio

Foto: Luiz Freitas
Disciplina: Redação II

Software ajuda professores a localizar trabalhos copiados da internet

Por Magda Marques

O uso da internet é uma inovação na sala de aula, o que amplia a comunicação entre aluno e professor. Neste espaço, o estudante encontra uma infinidade de recursos e informações que contribuem para o seu desempenho. Essa fonte inesgotável de conhecimento, no entanto, está se tornando um território livre para a fraude. Em poucos minutos, com simples comandos, o aluno tem um trabalho pronto em mãos. O professor, quando desconfia, procura em sites de busca trechos semelhantes para revelar a falsa autoria. Assinar algo feito por outra pessoa é plágio, um delito que fere a moral social vigente no meio universitário.

O maior problema está nos trabalhos de final de curso, nos quais se confere a veracidade da pesquisa científica. Momento em que se coloca à prova a capacidade pessoal de realização do estudante. A revista Ensino Superior, do mês de setembro, apresenta uma matéria sobre a criação de um software desenvolvido para apontar cópias em trabalhos, a partir de textos publicados na internet. O idealizador é o professor de Ciências da Computação da Universidade Católica de Santos (UniSantos) Fernando Campos de Macedo. “A ideia é poupar o professor de assinar um trabalho inverídico e reduzir o tempo de verificação gasto pelos docentes”, destaca Macedo na reportagem.

Várias ferramentas de pesquisa também vêm sendo utilizadas por professores de Universidades do Rio Grande do Sul. O gerente acadêmico da Unidade de Graduação da Unisinos, Artur Jacobus, admite que, apesar de todos os cuidados, não se elimina integralmente a chance de ocorrerem situações de plágio. A cada semestre, algumas ocorrências são identificadas, normalmente antes que o trabalho seja avaliado pela banca. “Os docentes dos cursos de graduação da universidade adotam formas sistematizadas de identificação de fraude”, afirma Jacobus.

A coordenadora do curso de Relações Públicas da Unisinos, Erica Hiwatashi, diz que, por semestre, pelo menos, um trabalho de conclusão plagiado é identificado no curso de Comunicação. O uso de estilos textuais divergentes ao longo do texto são sinais de cópia. “Partes curtas de textos extraídos da internet não se considera grave, mas um conteúdo extenso é inadmissível. Na dúvida, o professor busca os trechos copiados da obra, apresenta as provas e o aluno é reprovado”, diz Erica.

Estudantes imaturos, com sentimento de baixa eficácia, creem que são incapazes de realizar um trabalho com eficiência. O jovem da era digital não consegue se imaginar longe da tecnologia que o cerca. Às vezes, um aluno acomodado, sem iniciativa, trapaceia para garantir uma boa nota. Na Unisinos houve o caso de um aluno de Relações Públicas que, em frente à banca do trabalho de conclusão, teve sua pesquisa revelada como plágio. Na presença de amigos e parentes, sofreu o embaraço de ser reprovado por fraude. “É constrangedor, pois o aluno fica marcado como incompetente para se formar”, lamenta Erica Hiwatashi.

O Centro universitário Ritter dos Reis (UniRitter) já cogitou, em reunião, a possibilidade de utilização deste programa de computador paulista. A informação se espalhou entre os alunos e causou certo temor. “Creio que só a notícia vazada da aquisição do software já deu um efeito moralizador nos trabalhos de conclusão de curso”, diz o professor de Administração Paulo Ricardo Meira. Conversar com o estudante antes da banca da monografia é uma solução encontrada por ele, que prefere evitar a desmoralização pública do acadêmico. “Exponho que há problemas, levando-o a reconsiderar e formar-se no semestre seguinte, após refazer o trabalho.”

Sem se identificar, um aluno de Jornalismo de uma universidade de Porto Alegre admite que já copiou muitos textos da internet para garantir uma boa nota. “Eu tenho dois empregos e não sobra tempo para fazer os trabalhos. A internet é uma tentação para quem precisa de um release ou resenha de livro”, diz o jovem de 21 anos.

Doutor em Antropologia e vice-diretor da Unidade de Comunicação Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Hugo Rodolfo Lovisolo analisa que qualquer recurso para a redução de custos ou de esforços, na obtenção da titulação, vem sendo usado. Em sua opinião, há décadas dominam no campo da formação universitária os discursos utilitaristas. Dentro desta lógica, plagiar a monografia parece racional. “O aluno torna-se uma máquina de minimizar esforços. A carreira universitária deixa de ser uma finalidade e passa a ser um meio para o mercado de trabalho”, afirma Lovisolo. Felizmente, os plagiadores não são maioria, geralmente o acadêmico prefere testar seus conhecimentos se dedicando na pesquisa.


Saiba mais sobre o software que detecta textos plagiados:

www.unisantos.br/detectaplagio


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